A Origem da Sociedade Capitalista
Organizador do texto: Prof. Washington Dias Leite.
É importante inicialmente nos fixarmos na Europa
dos séculos IV a XIV (301-400
a 1301-1400 d.C.), pois foi esse período que deu origem
à nossa sociedade atual.
Sabemos
que no período citado, a Europa era um continente onde a organização econômica
principal girava em torno da terra e da propriedade da terra. O modo de vida
era ligado ao trabalho rural, principal fonte de organização social.
Por ser a
terra fonte de riquezas é que os seus poucos proprietários se tornavam
poderosos: a camada dominante dos senhores feudais, que compreendia a nobreza e
o alto clero. Por outro lado, existia uma imensa maioria de pessoas forçadas a
trabalhar nas terras da nobreza feudal para sobreviver, pagando tributos pelo
uso dessa terra: a camada dos servos, que compreendia uma imensa população de
trabalhadores pobres.
Nessa
sociedade de base agrária, o modo de vida era completamente diferente do que é
hoje em dia: pouco comércio, cidades quase não existiam, eram pouco mais que
pequenas aldeias, o pensamento religioso moldava a vida da maioria das pessoas.
A partir
do século XIV, esse mundo começará a se transformar rapidamente. É essa
transformação que nos interessa, pois, de mundo agrário, a Europa caminhou para
o mundo urbano-industrial. Essa mudança não ocorreu em pouco tempo, foram
precisos no mínimo três séculos para que ela se completasse. No entanto, como
foi uma mudança social radical, muitos a chamaram de revolução.
Essa
revolução que levou a Europa do feudalismo ao capitalismo teve muitas dimensões
e momentos. Em primeiro lugar, foi uma revolução econômica, pois a organização
do trabalho se alterou profundamente: da sociedade estratificada em apenas dois
grandes estamentos, surgiu um novo grupo social muito importante, a camada dos
comerciantes e artesãos livres: pessoas que, a partir do século XIV, já não
dependiam mais da terra, e sim de atividades puramente urbanas. Dos artesãos e
comerciantes mais poderosos, surgem aqueles que passam a investir grandes somas
de riqueza em
manufaturas. Essas manufaturas, na verdade, eram as primeiras
indústrias, ainda primitivas, mas que já se caracterizam pela divisão interna
de funções, o trabalho parcelado em inúmeras atividades a partir da introdução
de novas e melhores máquinas e técnicas. Cada operador de máquinas já não
elabora o produto por inteiro, mas apenas uma peça que, somada às peças de
outros operadores isolados, dá origem ao produto final. É a divisão social do
trabalho. Assim, ao entrarmos nos séculos XVIII e XIX, teremos as fases da
Revolução Industrial, que foi a dimensão econômica da revolução que deu origem
ao capitalismo.
Esse modo
de produção, que se originou do comércio e da manufatura, foi o responsável
pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas, aumento das atividades,
dando origem à moderna indústria. A intensa urbanização do nosso século é fruto
desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é. Agora sob a
sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é, a propriedade dos meios de
produção. Assim, os poucos proprietários dos meios de produção se constituem na
classe empresarial (burguesia), enquanto uma imensa maioria de pessoas
não-proprietárias se constitui na classe trabalhadora (proletariado), que, para
sobreviver, troca sua capacidade de trabalho por salário.
Em
segundo lugar, foi uma revolução política, pois a antiga nobreza feudal perdeu
o domínio para a classe burguesa, economicamente mais forte. Enquanto no
feudalismo persistiu uma política que representava os interesses dos senhores
feudais e do clero, serão agora os empresários que passarão a organizar a
política e, a partir daí, nasce o Estado moderno, isto é, nascem as formas de
governo eleitas pelo voto e regidas por uma Constituição. Nasce o parlamento.
Todas essas novas dimensões da política burguesa devem dar a aparência de que o
Estado, acima dos interesses de classe, vem organizar democraticamente a
sociedade. Nasce assim a democracia burguesa.
Em
terceiro lugar, foi uma revolução ideológica e científica, pois a visão de
mundo sob o capitalismo se alterou: a idéia de progresso se propaga, como
também a idéia de enriquecimento. A vida, dinâmica e competitiva, faz nascer o
sentimento de individualismo. A ciência, como já aprendemos, se origina a
partir de novos métodos de interpretação da natureza. A partir da observação
dos fatos, decomposição em partes (análise) e de sua reordenação (síntese) se
interpreta uma natureza regida por leis. Isso possibilita, com uma série de
novos inventos, grande domínio do ser humano sobre a natureza, nunca visto
antes na história da civilização. (Meksenas, Paulo, Sociologia, p. 43-44).
Introdução à
Sociologia,
Santos de Oliveira, Pérsio.
Capitalismo e Revolução
A história de toda sociedade humana é a história da luta de classes:
entre o homem livre e o escravo, entre o patrício e o plebeu, entre o barão e o
servo. Numa palavra, opressores e oprimidos se encontram sempre em conflito,
disfarçada ou abertamente, e que termina sempre por uma transformação
revolucionária de toda a sociedade, ou então pela ruína das classes em luta.
(...).
A burguesia, durante seu
domínio de classe, apenas secular, criou forças produtivas mais numerosas e
mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto. (...) Que século
anterior teria suspeitado que semelhantes forças produtivas estivessem
adormecidas no seio do trabalho social? (...).
A burguesia só pode existir
com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos, por
conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais.
A conservação inalterada do
antigo modo de produção constituía, pelo contrário, a primeira condição de
todas as classes dominantes do passado. Essa subversão contínua da produção,
esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação permanente e essa
falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes.
Devido ao rápido
desenvolvimento dos instrumentos de produção e ao constante progresso dos meios
de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente de civilização mesmo as
nações mais bárbaras.
Ela obriga todas as nações
do mundo a adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a abraçar o que
ela chama de civilização, isto é, a se tornarem burguesas.
Mas o sistema burguês
tornou-se demasiadamente estreito para conter as riquezas criadas em seu seio.
(...) As armas que a burguesia utilizou para abater o feudalismo voltam-se hoje
contra a própria burguesia. A burguesia, porém, não forjou somente as armas que
lhe darão a morte; produziu também os homens que empunharam essas armas – os
operários modernos, os proletários.
Adaptado de: Karl Marx e
Friedrich Engels. O manifesto
comunista. São Paulo, Paz e
terra, 1997. p. 9-15.
Oliveira, Pérsio Santos de. Introdução à
sociologia, Ática, 25ª ed., 2004. p.
109-110.
Globalização e Exclusão Social
A internacionalização do
capitalismo atinge hoje quase todo o planeta, seja pela expansão das empresas
multinacionais, seja pelo processo de informatização, que coloca milhões de
pessoas em contato por meio de redes de computadores, seja pela abertura das
economias nacionais ao mercado internacional, seja pela ação do capital
financeiro, que realiza investimentos no mercado de capitais de todos os
países. Esse novo processo é chamado de globalização.
A globalização é marcada
basicamente pela universalização da produção, da circulação, da distribuição e
do consumo de bens e serviços.
Para que o capital possa
circular livremente, há necessidade de se eliminar as barreiras comerciais
entre países. Assim, bens e serviços podem ser mundialmente distribuídos a um
custo relativamente baixo.
Com o processo de
globalização, o capital financeiro conquistou uma posição ainda mais dominante
na economia de todo o planeta. Expressão dessa importância é o movimento das
bolsas de valores, para onde aflui o capital financeiro especulativo mundial,
sempre em busca de maiores lucros e maior segurança. Ao primeiro sinal de crise
em um país, esses capitais se retiram e são instantaneamente aplicados em
outros centros mais rentáveis e mais seguros. Essas operações tornaram-se
possíveis com o uso das redes de computadores.
O processo de globalização, contudo, não ocorre
apenas na economia, mas se verifica também nas áreas da informação, da cultura
e da ciência. A produção industrial, antes restrita a uns poucos países,
alcança hoje uma escala sem precedentes na História. O mesmo ocorre com o
consumo, pois os mesmos produtos e bens são ofertados simultaneamente nos mais
diferentes recantos do planeta.
Quer ter uma idéia dos
efeitos da globalização? Quando o Brasil disputou a partida final com a
Alemanha pela Copa do Mundo de Futebol de 2002, no Japão, o jogo pôde ser
acompanhado pela televisão por mais de 2 bilhões de pessoas (ou seja, um terço
da humanidade).
Assim também uma determinada
marca de refrigerante, cuja matéria-prima pode ter saído de qualquer região, é
produzida em vários países por uma mesma empresa e consumida por milhões de
pessoas em todo o mundo. Processo semelhante ocorre com milhões de produtos e
serviços, o que torna o mundo cada vez mais homogêneo, com padrões de consumo,
cultura e informação uniformes.
Os avanços tecnológicos,
principalmente em relação aos transportes e às comunicações, são resultados da
ação de grandes empresas que financiam pesquisas. A informatização barateia o
custo de produção das fábricas. Isso é necessário porque o processo de
globalização exige altos níveis de competitividade: é preciso produzir a preços
cada vez mais baixos para competir no mercado globalizado.
Entretanto, o objetivo das
empresas de baixar seus custos de produção acaba gerando desequilíbrios nas
sociedades. O mais grave deles é o crescente número de desempregados, que
provoca, entre outros problemas, o aumento da exclusão social, da miséria e da
violência nas grandes cidades.
Introdução à sociologia, Pérsio Santos de
Oliveira, Ática, 25ª
ed., 2004. p. 115-116.
lí e relí....não clareou minha mente não....o que entendir é que fala sobre escravidão do qual o trabalhador não tinham sálarios favoráveis,e nenhuma lei trabalhista que protegesse seus direitos,daí começaram a surgir grupos revolucionários com o intuito de melhorar a vida dos trabalhadores....é isso professor.
ResponderExcluir