terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Origem da Sociedade Capitalista


A Origem da Sociedade Capitalista

Organizador do texto: Prof. Washington Dias Leite.

É importante inicialmente nos fixarmos na Europa dos séculos IV a XIV (301-400 a 1301-1400 d.C.), pois foi esse período que deu origem à nossa sociedade atual.

     Sabemos que no período citado, a Europa era um continente onde a organização econômica principal girava em torno da terra e da propriedade da terra. O modo de vida era ligado ao trabalho rural, principal fonte de organização social.

     Por ser a terra fonte de riquezas é que os seus poucos proprietários se tornavam poderosos: a camada dominante dos senhores feudais, que compreendia a nobreza e o alto clero. Por outro lado, existia uma imensa maioria de pessoas forçadas a trabalhar nas terras da nobreza feudal para sobreviver, pagando tributos pelo uso dessa terra: a camada dos servos, que compreendia uma imensa população de trabalhadores pobres.

     Nessa sociedade de base agrária, o modo de vida era completamente diferente do que é hoje em dia: pouco comércio, cidades quase não existiam, eram pouco mais que pequenas aldeias, o pensamento religioso moldava a vida da maioria das pessoas.

     A partir do século XIV, esse mundo começará a se transformar rapidamente. É essa transformação que nos interessa, pois, de mundo agrário, a Europa caminhou para o mundo urbano-industrial. Essa mudança não ocorreu em pouco tempo, foram precisos no mínimo três séculos para que ela se completasse. No entanto, como foi uma mudança social radical, muitos a chamaram de revolução.

     Essa revolução que levou a Europa do feudalismo ao capitalismo teve muitas dimensões e momentos. Em primeiro lugar, foi uma revolução econômica, pois a organização do trabalho se alterou profundamente: da sociedade estratificada em apenas dois grandes estamentos, surgiu um novo grupo social muito importante, a camada dos comerciantes e artesãos livres: pessoas que, a partir do século XIV, já não dependiam mais da terra, e sim de atividades puramente urbanas. Dos artesãos e comerciantes mais poderosos, surgem aqueles que passam a investir grandes somas de riqueza em manufaturas. Essas manufaturas, na verdade, eram as primeiras indústrias, ainda primitivas, mas que já se caracterizam pela divisão interna de funções, o trabalho parcelado em inúmeras atividades a partir da introdução de novas e melhores máquinas e técnicas. Cada operador de máquinas já não elabora o produto por inteiro, mas apenas uma peça que, somada às peças de outros operadores isolados, dá origem ao produto final. É a divisão social do trabalho. Assim, ao entrarmos nos séculos XVIII e XIX, teremos as fases da Revolução Industrial, que foi a dimensão econômica da revolução que deu origem ao capitalismo.

     Esse modo de produção, que se originou do comércio e da manufatura, foi o responsável pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas, aumento das atividades, dando origem à moderna indústria. A intensa urbanização do nosso século é fruto desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é. Agora sob a sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é, a propriedade dos meios de produção. Assim, os poucos proprietários dos meios de produção se constituem na classe empresarial (burguesia), enquanto uma imensa maioria de pessoas não-proprietárias se constitui na classe trabalhadora (proletariado), que, para sobreviver, troca sua capacidade de trabalho por salário.

     Em segundo lugar, foi uma revolução política, pois a antiga nobreza feudal perdeu o domínio para a classe burguesa, economicamente mais forte. Enquanto no feudalismo persistiu uma política que representava os interesses dos senhores feudais e do clero, serão agora os empresários que passarão a organizar a política e, a partir daí, nasce o Estado moderno, isto é, nascem as formas de governo eleitas pelo voto e regidas por uma Constituição. Nasce o parlamento. Todas essas novas dimensões da política burguesa devem dar a aparência de que o Estado, acima dos interesses de classe, vem organizar democraticamente a sociedade. Nasce assim a democracia burguesa.

     Em terceiro lugar, foi uma revolução ideológica e científica, pois a visão de mundo sob o capitalismo se alterou: a idéia de progresso se propaga, como também a idéia de enriquecimento. A vida, dinâmica e competitiva, faz nascer o sentimento de individualismo. A ciência, como já aprendemos, se origina a partir de novos métodos de interpretação da natureza. A partir da observação dos fatos, decomposição em partes (análise) e de sua reordenação (síntese) se interpreta uma natureza regida por leis. Isso possibilita, com uma série de novos inventos, grande domínio do ser humano sobre a natureza, nunca visto antes na história da civilização. (Meksenas, Paulo, Sociologia, p. 43-44).


Introdução  à  Sociologia,
Santos de Oliveira, Pérsio.

Capitalismo e Revolução

A história de toda sociedade humana é a história da luta de classes: entre o homem livre e o escravo, entre o patrício e o plebeu, entre o barão e o servo. Numa palavra, opressores e oprimidos se encontram sempre em conflito, disfarçada ou abertamente, e que termina sempre por uma transformação revolucionária de toda a sociedade, ou então pela ruína das classes em luta. (...).

A burguesia, durante seu domínio de classe, apenas secular, criou forças produtivas mais numerosas e mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto. (...) Que século anterior teria suspeitado que semelhantes forças produtivas estivessem adormecidas no seio do trabalho social? (...).

A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais.

A conservação inalterada do antigo modo de produção constituía, pelo contrário, a primeira condição de todas as classes dominantes do passado. Essa subversão contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes.

Devido ao rápido desenvolvimento dos instrumentos de produção e ao constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente de civilização mesmo as nações mais bárbaras.

Ela obriga todas as nações do mundo a adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a abraçar o que ela chama de civilização, isto é, a se tornarem burguesas.

Mas o sistema burguês tornou-se demasiadamente estreito para conter as riquezas criadas em seu seio. (...) As armas que a burguesia utilizou para abater o feudalismo voltam-se hoje contra a própria burguesia. A burguesia, porém, não forjou somente as armas que lhe darão a morte; produziu também os homens que empunharam essas armas – os operários modernos, os proletários.

Adaptado de: Karl Marx e Friedrich Engels. O manifesto
comunista. São Paulo, Paz e terra, 1997. p. 9-15.

Oliveira,  Pérsio Santos de.  Introdução à
sociologia, Ática, 25ª ed., 2004. p. 109-110.

Globalização e Exclusão Social

A internacionalização do capitalismo atinge hoje quase todo o planeta, seja pela expansão das empresas multinacionais, seja pelo processo de informatização, que coloca milhões de pessoas em contato por meio de redes de computadores, seja pela abertura das economias nacionais ao mercado internacional, seja pela ação do capital financeiro, que realiza investimentos no mercado de capitais de todos os países. Esse novo processo é chamado de globalização.

A globalização é marcada basicamente pela universalização da produção, da circulação, da distribuição e do consumo de bens e serviços.

Para que o capital possa circular livremente, há necessidade de se eliminar as barreiras comerciais entre países. Assim, bens e serviços podem ser mundialmente distribuídos a um custo relativamente baixo.

Com o processo de globalização, o capital financeiro conquistou uma posição ainda mais dominante na economia de todo o planeta. Expressão dessa importância é o movimento das bolsas de valores, para onde aflui o capital financeiro especulativo mundial, sempre em busca de maiores lucros e maior segurança. Ao primeiro sinal de crise em um país, esses capitais se retiram e são instantaneamente aplicados em outros centros mais rentáveis e mais seguros. Essas operações tornaram-se possíveis com o uso das redes de computadores.

O processo de globalização, contudo, não ocorre apenas na economia, mas se verifica também nas áreas da informação, da cultura e da ciência. A produção industrial, antes restrita a uns poucos países, alcança hoje uma escala sem precedentes na História. O mesmo ocorre com o consumo, pois os mesmos produtos e bens são ofertados simultaneamente nos mais diferentes recantos do planeta.

Quer ter uma idéia dos efeitos da globalização? Quando o Brasil disputou a partida final com a Alemanha pela Copa do Mundo de Futebol de 2002, no Japão, o jogo pôde ser acompanhado pela televisão por mais de 2 bilhões de pessoas (ou seja, um terço da humanidade).

Assim também uma determinada marca de refrigerante, cuja matéria-prima pode ter saído de qualquer região, é produzida em vários países por uma mesma empresa e consumida por milhões de pessoas em todo o mundo. Processo semelhante ocorre com milhões de produtos e serviços, o que torna o mundo cada vez mais homogêneo, com padrões de consumo, cultura e informação uniformes.

Os avanços tecnológicos, principalmente em relação aos transportes e às comunicações, são resultados da ação de grandes empresas que financiam pesquisas. A informatização barateia o custo de produção das fábricas. Isso é necessário porque o processo de globalização exige altos níveis de competitividade: é preciso produzir a preços cada vez mais baixos para competir no mercado globalizado.

Entretanto, o objetivo das empresas de baixar seus custos de produção acaba gerando desequilíbrios nas sociedades. O mais grave deles é o crescente número de desempregados, que provoca, entre outros problemas, o aumento da exclusão social, da miséria e da violência nas grandes cidades. 

Introdução à sociologia,  Pérsio Santos de
                                                                                               Oliveira, Ática, 25ª ed., 2004. p. 115-116.

Um comentário:

  1. lí e relí....não clareou minha mente não....o que entendir é que fala sobre escravidão do qual o trabalhador não tinham sálarios favoráveis,e nenhuma lei trabalhista que protegesse seus direitos,daí começaram a surgir grupos revolucionários com o intuito de melhorar a vida dos trabalhadores....é isso professor.

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