terça-feira, 12 de junho de 2012


A palavra filosofia é de origem grega e significa amor à sabedoria. Ela surge desde o momento em que o homem começou a refletir sobre o funcionamento da vida e do universo, buscando uma solução para as grandes questões da existência humana, através de explicações racionais para tudo aquilo que era explicado através da mitologia, oferecendo caminhos, respostas e, sobretudo, propondo novas perguntas, num diálogo permanente com a sociedade e a cultura do tempo em que faça parte.
 A palavra "filosofia" (do grego) resulta da união de outras duas palavras: "philia", que significa "amizade", "amor fraterno" (não no sentido erótico) e respeito entre os iguais e "Sophia", que significa "sabedoria", "conhecimento". De "Sophia" decorre a palavra "sophos", que significa "sábio", "instruído". Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
Historicamente, a filosofia, tal como a conhecemos, inicia com Tales de Mileto. Tales foi o primeiro dos filósofos pré-socráticos, aqueles que buscavam explicar todas as coisas através de um ou poucos princípios. Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegam ao que pode ser considerada uma importante diferença em relação ao pensamento mítico.          
Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto à coisa explicada. Ex: se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença. As explicações por princípios definidos e observáveis por todos os que têm razão (e não apenas por sacerdotes, como ocorre no pensamento mítico), tais como as apresentadas pelos pré-socráticos, permitem que apresentemos explicadores que de fato aumentam a compreensão sobre aquilo que é explicado. Talvez seja na diferença em relação ao pensamento mítico que vejamos como a filosofia de origem europeia, na sua meta de buscar explicadores menos misteriosos do que a coisa explicada tenha levado ao desenvolvimento da ciência contemporânea. Desde o início, isto é, desde os pré-socráticos vemos a semente da meta cartesiana de controlar a natureza.
Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia por volta do séc. VI a.c. Por meio de um longo processo histórico, surge promovendo a passagem do saber mítico ao pensamento racional sem, entretanto, romper bruscamente com todos os conhecimentos do passado. Durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos (pré-socráticos) compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizava a filosofia.
Essa passagem do mito à razão significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado na realidade filosófica ainda está incluído o poder mítico. Em outras palavras, a filosofia grega nasceu procurando desenvolver os Jogos (saber racional) em contraste com o mito (saber alegórico- pensamento sob forma figurada, metáforas).



Principais diferenças entre mito e Filosofia:
MITO
FILOSOFIA
A lógica do mito repousa em ambivalência
Ruptura com a lógica da ambivalência
Crenças e lendas que, de modo simbólico fornecem explicações para a realidade.
Pensamento positivo que inclui o sobrenatural (não há inferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos)
Relatos maravilhosos (explicações fantásticas narradas)
Racionalidade (explicações baseadas na razão)
Natureza e sociedade estão confundidas
Os elementos da natureza estão separados da sociedade
Tradição dogmática (relatos passados de gerações para gerações e ditos como verdades inquestionáveis)
Pluralidade de explicações possíveis (admite várias explicações e todas podem ser questionadas)


O nascimento da Filosofia está vinculado principalmente à (ao): Surgimento e organização da Polis (Cidade-Estado)
·         Revolução provocada pelo surgimento da moeda (desenvolvimento da economia)
·         Surgimento da lei escrita (documentação histórica)
·         Desmistificação do mundo através das viagens marítimas.
Um exemplo da transição do pensamento mítico para a filosofia cientifica foi na pergunta pioneira de Tales de Mileto,'qual é a origem suprema, a causa última, da origem dos fatos?'. A essa pergunta, ele respondeu de uma forma não muito inteligente, dizendo que os elementos primordiais das coisas são a água, o ar, a terra e o fogo. Logo, ele via que o ar, a terra e o fogo vinham de um fator comum: a água. Então, a origem primeira do mundo e do universo seria a água. Em sua resposta, podemos ver também a presença mitológica. É sabido que a mitologia antiga venerava a água como origem das coisas. Também de Mileto, Aleximandro, que nasceu poucos anos depois de Tales, deu à sua pergunta uma reposta mais convincente. Disse que tudo o que vemos e sentimos é definido, e tudo o que é definido tem uma outra origem, foi formado de outra cousa. Ou seja, o que é determinado também tem causas anteriores. Logo, é algo indeterminado (a que ele chamou de princípio) o que deu origem ao universo. Continuava ele com o seguinte princípio, de que esse indeterminado, devido ao seu eterno movimento, se divide em dois opostos, como, por exemplo, o seco e o úmido. Os três primeiros filósofos foram de Mileto, sendo eles Tales, Aleximandro e Alexímedes. Deles, pouca coisa tem em escrito, e suas obras já não mais existem.

Noções fundamentais do pensamento filosófico científico.

A physis
O objetivo de investigação dos primeiros filósofos-cientistas é o mundo natural; sendo que suas teorias buscam dar uma explicação causal dos processos e dos fenômenos naturais a partir de causas puramente naturais, isto é, encontráveis na natureza, no mundo concreto e não no divino como nas explicações míticas.

 A causalidade
Explicar é relacionar um efeito a uma causa que o antecede e o determina. Explicar é, portanto, reconstruir o nexo causal existente entre os fenômenos da natureza, é tomar um fenômeno como efeito de uma causa. O que distingue a explicação filosófica científica da mítica é a referência apenas a causas naturais.
A explicação causal possui, entretanto, um caráter regressivo. Ou seja, explicamos sempre uma coisa por outra e há assim a possibilidade de se ir buscando uma causa anterior, mais básica, até o infinito.
A arqué (elemento primordial)
A fim de evitar a regressão ao infinito da explicação causal, esses filósofos postularam a existência de um elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo. Tales foi o primeiro a formular essa noção, afirmava ele ser a água (hydor) o elemento primordial. Porém, o importante na contribuição de Tales não é a escolha da água, mas a própria idéia de elemento primordial.
A importância da noção de arqué está exatamente na tentativa por parte desses filósofos de apresentar uma explicação da realidade em um sentido mais profundo, tal princípio daria precisamente o caráter geral a esse tipo de explicação, permitindo considerá-la como inaugurando a ciência.

O cosmo
O cosmo é o mundo natural, bem como o espaço celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princípios racionais. O cosmo, entendido assim como ordem, opõe-se ao caos (kaos), que seria precisamente a falta de ordem. É importante notar que a ordem do cosmo é uma ordem racional, é a racionalidade deste mundo que o torna compreensível, por sua vez, ao entendimento humano.

O logos
O logos significa discurso, mas ele difere fundamentalmente do mythos, a narrativa de caráter poético que recorre aos deuses e ao mistério na descrição do real. O logos é fundamentalmente uma explicação, em que razões são dadas. É nesse sentido que o discurso dos primeiros filósofos é um logos.

  O caráter crítico
As teorias formuladas pelos primeiros filósofos não eram de forma dogmática, não eram apresentadas como verdades absolutas e definitivas, mas como passíveis de serem discutidas, de suscitarem divergências e discordância.

1. O que é o mítico? Dê um exemplo:
2. Que acontecimentos influenciaram o nascimento da filosofia?
3. Quem foi o primeiro filósofo pré- socrático?
4. Como se deu a passagem do pensamento mítico para o pensamento filosófico?
5. Quem eram os pensadores pré- socráticos?
6. Aponte as principais características do pensamento mítico:
7. Contraste as características do pensamento mítico com as do pensamento filosófico científico:
8. O que levou ao rompimento do pensamento mítico do filosófico científico?
9. Aponte na sociedade atual algum pensamento ou ideia que se aproxime do pensamento mítico:
9. (FCC-SP) O surgimento da filosofia entre os gregos está associado à passagem do pensamento mítico ao pensamento racional. Nesse processo, confrontaram-se dois modos diferentes de explicar o cosmos, a saber:
(A) astrologia e lógica.
(B) teologia e racionalismo.
(C) cosmogonia e cosmologia.
(D) sofística e dialética.
(E) astrologia e astronomia.

10. A Filosofia nascente é grega, isto é, surgiu na Grécia no século V antes de Cristo. É atribuída a Pitágoras a invenção da palavra Filosofia, que é a junção de philos (amor) e sophia (sabedoria), significando amor à sabedoria. É considerado primeiro filósofo:
(A) O próprio Pitágoras, já que foi ele quem criou o nome Filosofia.
(B) Parmênides de Eléia.
(C) Tales, da Escola de Mileto.
(D) Aristóteles.

11. A fim de evitar a regressão ao infinito da explicação causal, o que a tornaria insatisfatória, os primeiros filósofos vão postular a existência de um elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo.
            Tal elemento primordial:
(A)        Era chamado de arqué e o primeiro a formular tal noção foi Tales, elegendo para tal a água.
(B)         Era chamado de physis, uma vez que cada filósofo da época elegeu um elemento físico natural como princípio.
(C) Só poderia ser um princípio abstrato, significando algo indefinido, subjacente à própria natureza.
(D) Trata-se do átomo postulado por Demócrito.

13. A Filosofia surge na Grécia antiga possibilitada por certas condições materiais, ou seja, sociais, políticas, econômicas e históricas. Sobre tais condições que possibilitaram o surgimento da Filosofia é correto afirmar que:
(A) A invenção do calendário possibilitou uma capacidade de abstração, ou uma percepção do tempo como algo sobrenatural e incompreensível.
(B) A invenção da moeda, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas por uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das cosas diferentes, revelando uma capacidade de abstração e generalização, atributos importantes para se filosofar.
(C) As viagens marítimas produziram o encantamento ou a mistificação do mundo, que são aspectos importantes do pensamento para a Filosofia nascente.
(D) Na verdade, o surgimento da Filosofia deveu-se mais aos sábios da época.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.
DANILO, Marcondes. Iniciação a história da filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgenstein.  9ª. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Zahar, 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário